É inegável o papel que a uva tem para identificar um vinho. É, na realidade, mais fácil você lembrar de um vinho pelo nome da uva do que pelo nome do produtor, da região ou pelo próprio nome do vinho (quando há).
Por isso é que conhecer as características mais comuns de uma uva significa muito na hora de comprar um vinho para beber ou para presentear.
Conforme já dito em outras oportunidades, há uma diversidade de fatores capazes de interferir nos aromas e no sabor de um exemplar, mas, a par de algumas obviedades sobre as uvas, é inegável que a pessoa tem mais segurança na hora de apostar em um vinho, sobretudo às cegas.
O assunto dessa semana é a uva Cabernet Sauvignon, uma das variedades tintas mais populares no mundo todo. Há quem ame os vinhos produzidos com essa uva e os considere a sua primeira opção nas compras e há quem não goste das suas características, principalmente se estiver iniciando no mundo dos vinhos ou se preferir bebidas mais suaves e delicadas.
Conheça um pouco mais sobre essa uva e confira suas qualidades!
A uva Cabernet Sauvignon é originária da região de Bordeaux (França) e é, até hoje, a cepa predominante em algumas das suas sub-regiões (como Médoc, Graves e Pessac-Léognan). Os vastos estudos na área de viticultura dão conta de que essa uva é resultado de um cruzamento natural (ou seja, não-intencional) entre as uvas Cabernet Franc e Sauvignon Blanc.
A Cabernet Sauvignon é uma das uvas tintas mais difundidas e mais cultivadas no mundo, justamente por ser uma variedade relativamente adaptável em certos terroirs. Além de ser utilizada em excelentes vinhos varietais, como é o caso de vários exemplares californianos, é comum a sua utilização em vinhos assemblage, ou seja, combinada com outras uvas, como é o caso de alguns vinhos clássicos de Bordeaux, em que é misturada com as uvas Cabernet Franc e Merlot.
No entanto, a lista de bons vinhos originários dessa uva é bem extensa, já que há diversos países que a cultivam, entre eles: Itália, Espanha, Portugal, Argentina, Estados Unidos, Brasil, Chile e África do Sul.
Conforme o artigo Vinhos Chardonnay, a uva Chardonnay não tem uma personalidade “padrão” por conta da sua maleabilidade e adaptabilidade. Isso não ocorre com a uva Cabernet Sauvignon, já que, diferentemente da referida cepa branca, a Cabernet Sauvignon precisa ser cultivada considerando certas peculiaridades, sobretudo o tempo de seu amadurecimento, que demanda localidades mais quentes para que se desenvolva por completo, já que, do contrário, seu sabor e, principalmente, seus taninos, podem ficar muito evidentes.
Além dessas particularidades, a uva Cabernet Sauvignon possui características bem mais definidas em termos de estrutura, aromas e sabor. Essas até que podem sofrer com influências externas (colheita, vinificação, aditivos), mas não serão descaracterizadas por completo.
Normalmente, os vinhos mais jovens costumam ser bem aromáticos (com notas frutadas e herbais em destaque) e mais tânicos. Essa última característica é a que mais pode desagradar, pois a sensação adstringente não é tão familiar para o paladar de uma boa parcela da população, sobretudo iniciantes no mundo dos vinhos.
Contudo, essa uva confere aos vinhos uma capacidade de envelhecer de forma notável, sobretudo em barris de carvalho. Considerando isso, após serem vinificados e devidamente amadurecidos, os vinhos dessa uva, além de longevos, mostram-se macios e equilibrados, com aromas mais amadeirados e terrosos, com taninos mais redondos e com uma complexidade de sabor única.
Nos vinhos de corte (com mistura de uvas), tal uva tem a função de encorpar e enriquecer o vinho, já que tem um potencial grande em termos de estrutura e sabor. Ela compõe diversos vinhos considerados clássicos ou ícones mundiais, de Bordeaux ao Chile. No Brasil, sobretudo no Rio Grande do Sul, ela contribuiu (e contribui) para o progresso do setor, sendo utilizada sozinha ou em blends de alta qualidade.
Vinhos Cabernet Sauvignon, em geral, combinam muito bem com diversos cortes de carnes vermelhas, como a vitela, a costela, o prime rib, o contra-filé e a picanha, admitindo diversos preparos (grelhadas, na brasa, recheadas, com molhos vermelho, amanteigado e até de queijo). Combinam bem, também, com embutidos como linguiças de javali, de cordeiro e de porco, salame, copa, além de lanches de sabor forte, como hambúrgueres.
Além das refeições sugeridas, é importante se deter aos temperos: eles são ingredientes capazes de elevar a comida e, também, um vinho! Alecrim, tomilho, manjericão, além de pimentão, quando presentes em um prato e, a depender do paladar, podem ser elementos-chave nessa interação vinho Cabernet Sauvignon + refeição !
Paladar é, de fato, algo muito particular, mas mesmo para vinhos mais encorpados, é possível sim encontrar exemplares (jovens ou envelhecidos, varietais ou blends) que vão agradar sem muito esforço. A dica é sempre a mesma: busque e prove vinhos Cabernet Sauvignon, sempre que possível, até encontrar seu exemplar favorito. Isso será, no mínimo, um belo e saboroso trabalho!