Vinhos Gewurztraminer não costumam ser unânimes entre os apreciadores de vinhos. Já vi olhos brilharem de paixão por eles e já vi olhos cansados pelo excesso de doçura ou pelo sabor unidimensional que algumas versões possuem.
Apesar de conhecer alguns vinhos Gewurztraminer, por aqui só passou o da Elena Walch Gewurztraminer 2014.
O fato de ter apenas uma indicação no blog pode até parecer estranho, mas o que acontece é que nós costumamos fugir dos vinhos adocicados e doces em geral. A razão é bem simples: se não houver outros elementos no vinho capazes de desafiar o paladar, não dá para beber. Enjoa.
É difícil encontrar opções em que a doçura está bem integrada com o restante. E, geralmente quando encontramos essa joia rara, o preço costuma ser mais elevado.
Apesar da nossa desconfiança com o estilo, quando estivemos pela segunda vez na de la Croix, além do l’Hortus (post aqui), compramos este vinho doce da Domaine Bott-Geyl, um grand cru 100% Gewurztraminer. Não foi uma compra totalmente às cegas, pois a sommelière Andrea nos deu várias dicas sobre ele.
Ao servi-lo pela primeira vez, as nossas impressões foram as seguintes: trata-se de um vinho muito, mas muito aromático – sentimos notas de lichia, laranja e tangerina, além de um toque mineral e de flor laranjeira. Ele é doce, de médio para encorpado, com boas persistência e acidez. O retrogosto destacou uma nota muito particular de folha de laranjeira e que deixou uma sensação gostosa na boca já nos primeiros goles.
Na ficha técnica do vinho há detalhes importantes tanto sobre ele, quanto sobre o seu produtor. Leia!
No geral, esse vinho é provocante em todos os sentidos: a cor dourada é chamativa e enche os olhos, os aromas são intensos, instigam o paladar, e na boca, além da untuosidade, há uma complexidade de sabor que o torna menos cansativo do que eu esperava. É um grand cru que se destaca pelo conjunto da obra. E é por conta das suas nuances que, apesar da doçura, ele se torna interessante e gostoso.
Resolvemos harmonizá-lo com um risoto de abóbora com carne seca e queijo coalho. A mistura dos sabores doces do vinho e da abóbora junto com o salgado da carne seca foi uma boa sacada. E essa é a primeira vez que um queijo coalho se deu tão bem com uma taça de vinho! Ao final, fomos atrás da torta de pera com creme de cardamomo e nozes da Marilia Zibjerstain e foi incrível, sobretudo por conta do creme de cardamomo que combinou perfeitamente com o vinho.
Ele custou R$247,00 e acredito que foi um bom investimento, considerando a sua versatilidade e a bela história que rendeu.
Se você estiver em busca de outros vinhos importados, clique aqui.
E se você já experimentou o Gewurztraminer Grand Cru Sonnenglanz 2010, avalie-o aqui embaixo!