Os preços dos vinhos no Brasil andam me assustando bastante. Aqueles vinhos simples que antes mal passavam dos 50 reais, hoje batem os 150 reais fácil fácil. E se forem vinhos pontuados ou premiados, aí o preço vai lá nas alturas.
Nessas horas, é bom não se deixar levar pela ideia de que “caro é bom” e “barato é ruim”, apesar das forças contrárias que existem por aí. Um bom exemplo disso: bebi um vinho branco espanhol tempos atrás. Sinceramente falando, era um vinho bem sem graça. Só que ele foi bem pontuado pelo crítico Robert Parker, então a demanda aumentou, a percepção de lucro também e eis que ele custava 320 reais.
Aí você para e pensa: se os vinhos considerados “ok” já extrapolam o orçamento, quem dirá os diferentões, raros ou difíceis de encontrar… Ou você dá sorte e compra fora do Brasil ou só parcelando em suaves prestações.
Pois bem. O vinho de hoje trouxe um pouco de alívio para esses pensamentos. Nós o degustamos quando fomos ao Restaurante Cepa na semana passada. A proposta do local já havia chamado a nossa atenção há algum tempo. Na cozinha, o uso de ingredientes sazonais e, na adega, vinhos com baixa intervenção enológica . Essa ideia nos tirou do centro do SP e nos levou até o Tatuapé. Lá, resolvemos fazer o pacote completo: beber vinho, comer e passar bem.
Só que, por termos gostos distintos, fomos atrás de uma opção de vinho que 1) caísse bem num dia quente e ensolarado; 2) não chocasse com a maior parte dos pratos e 3) não tivéssemos degustado ainda. A sommelière Gabrielli Fleming nos apresentou 3 opções de vinhos e fomos com o Aracuri Sauvignon Blanc 2017 .
Segundo o site da vinícola, a Aracuri nasceu da paixão que seus criadores Henrique Aliprandini e João Meyer têm pelo vinho. Dois produtores de maçã da região dos Campos de Cima da Serra/RS que escolheram Muitos Capões/RS para iniciar o plantio das videiras. Aracuri é uma palavra indígena que significa pássaro de árvore alta. O pássaro é o papagaio Charão e a árvore alta é a Araucária, ambos ameaçados de extinção. De acordo com a vinícola, a combinação da natureza, preservação, brasilidade, identidade, regionalidade e tipicidade marca a produção dos seus vinhos. Além disso, a vinícola evita o uso extensivo de defensivos agrícolas e destaca que as intervenções que faz nos vinhos objetivam elevar a tipicidade regional, resguardando a unicidade de cada safra.
Apesar de não conhecer todo o catálogo de vinhos da vinícola Aracuri, posso opinar sobre esse. As impressões foram as seguintes: é um vinho branco frutado, com aromas de maçã verde em destaque. O Lucas mencionou que algo o fez lembrar um bolo puba. Não tenho memória desse aroma específico, mas vale a pena registrar. No mais, ele é seco, tem o corpo leve e uma ótima acidez.
É um vinho simples, correto e salivante. Custou 80 reais no restaurante e, considerando todo o serviço envolvido, achei o valor justo, principalmente se considerarmos o contexto do nosso mercado de vinhos.
Ele foi servido ao lado da entrada (4 tipos de curados da casa + pão e picles), do prato vegetariano (radicchio, eryngui, creme de batata trufada e ovo com gema mole) e do prato nada vegetariano (barriga crocante de leitão, aipim cremoso e jus de menta). Dependendo do que viesse na garfada, um vinho branco mais intenso e encorpado poderia casar muito bem. Só que, no decorrer da refeição, achamos que esse Sauvignon Blanc se adequou perfeitamente ao contexto, não brigou com nenhum tempero e trouxe o frescor que desejávamos.
Espero conhecer outros vinhos da Aracuri em breve. A primeira impressão foi positiva!
Se você está atrás de outros vinhos nacionais, sejam eles convencionais, de mínima intervenção ou naturais é só clicar aqui.
E se você já experimentou o Aracuri Sauvignon Blanc 2017, avalie aqui embaixo.