Passamos o réveillon num hotel que fica em Amparo, interior de São Paulo. No pacote que contratamos estavam incluídos a ceia, a festa e o espumante da virada.
Só que gato escaldado tem medo de água fria, já dizia o ditado. Alguns anos atrás, passamos a virada do ano num hotel que proporcionou a triste experiência de oferecer um frisante doce e difícil de beber… Então, pra não passar perrengue, acabamos levando um espumante de casa.
Depois de pesquisar em alguns e-commerces, achamos este Franciacorta Rosé. Levamos ele escondido na mochila e, antes da ceia, pedimos um balde de gelo pra ajudar na temperatura.
Verão de mais 30 °C, minha gente. Demorou um pouco mais de uma hora, mas ele chegou lá!
Caso você não esteja familiarizado com o nome Franciacorta, vale a pena essa curta apresentação. Franciacorta é o nome de uma região italiana e, também, do espumante que é lá produzido. Muitos se referem a esse espumante como “o Champanhe dos italianos”, por conta do seu perfil e das semelhanças nos métodos de vinificação. De modo geral, um Franciacorta é feito pelo método tradicional/clássico e são 3 as uvas autorizadas: Pinot Nero, Pinot Bianco e Chardonnay. Cultivadas em um solo rico em minerais e sob condições climáticas adequadas, as uvas podem ser trabalhadas como varietais ou em cortes, dando origem a diferentes estilos de Franciacorta, como os Non Vintage (os mais simples), Vintage ou Millesimato, Rosé e Satèn.
A vinícola responsável pelo nosso borbulhante rosé é a Antica Fratta. Não há informações detalhadas sobre a sua história no site oficial. Há menções genéricas, como a de que a vinícola recomeça a partir de uma nova e grande ambição, que é se tornar a “essência” de Franciacorta. Por conta disso, acabei pesquisando um pouco por fora para dar uma base às informações dessa página. A cantina teria sido construída por Monticelli Brusati no século XIX e, apesar de ter alcançado um certo prestígio à época, a morte de seu criador a fez passar por um período de declínio. Por volta de 1970, um rico comerciante chamado Luigi Rossetti reconstruiu o local e deu início a uma nova perspectiva na produção de vinhos. O projeto Antica Fratta nasceu 1979 com o objetivo de manter o esplendor e a tradição da região e valer-se da evolução tecnológica para produzir vinhos de qualidade.
Sobre o vinho, há uma ficha técnica no site da vinícola, só que é da safra 2015. Resolvi consultar a World Wine pra comparar. Em resumo, esse Franciacorta é feito 60% Pinot Nero 40% Chardonnay, foi elaborado pelo método clássico, com estágio em contato com as leveduras durante 30 meses após a segunda fermentação. Isso lhe proporcionaria grande complexidade e cremosidade.
Diante disso, eis as nossas impressões: é um espumante rosé com bolhas finas e persistentes, com aromas de frutas vermelhas, torrada e brioche. Ele é cremoso, de médio corpo e possui uma acidez refrescante. O retrogosto trouxe à memória o sabor da tâmara.
É um vinho agradável, mais frutado do que imaginávamos e bem fresco. Foi tão fácil de beber que nem vimos ele acabar: quando levantamos a garrafa do balde ela estava vazia…
Mas, por sorte, deu tempo de harmonizar com a entrada: uma salada de folhas verdes com queijos, embutidos e camarões cozidos ao vapor. Ficou uma beleza de combinação, porque tudo estava no mesmo tom: texturas simples, sabores leves e uma ocasião informal e festiva.
Ele custou R$320,00. Considerando a ocasião excepcional e as boas lembranças que ele rendeu, vale o investimento. Mas não dá pra cogitar um vinho desse valor para o dia a dia.
Outras opções borbulhantes que valem a pena experimentar você encontra nesse link .
E se você já experimentou o Franciacorta Millesimato “Essence Rosé” Brut DOCG 2014, avalie aqui embaixo.