Já contei que, desde o começo da pandemia, alguns restaurantes e botecos paulistanos começaram a trabalhar com delivery? Pois é, muitos só estão conseguindo se manter abertos dessa forma, embora já exista uma abertura parcial.
Confesso que o delivery está sendo uma mão na roda pra mim e pra muita gente que, além do tédio, precisou reconhecer o fato de não ter tanta habilidade na hora de cozinhar.
Sim, hoje há problemas maiores do que o tédio. E há problemas muitíssimo maiores do que falta de criatividade na hora de harmonizar vinhos e comidas. Problemas sanitários, econômicos, sociais e políticos. Porém, fazendo um pequeno recorte só pra tentar ilustrar esse post, afirmo que ter opções de delivery, além de assinaturas de pães e de hortaliças têm sido de grande ajuda.
Algumas noites atrás, se estivéssemos em tempos normais, teríamos ido até o centro de SP pra passear e comer um lanche. Diante da insegurança, a ideia foi pedir um distinto cachorro-quente e acompanhá-lo com algum vinho da adega. Na escolha pelo melhor rótulo, veio este Riesling QBA 2016, uma obra da vinícola Selbach-Oster.
Sobre a vinícola: tradicionais, a Selbach-Oster tem, pelo menos, 400 anos de viticultura. E desde o século XVIII, os vinhos Riesling são produzidos na propriedade de 24 hectares, especificamente nas encostas mais íngremes da região, priorizando o trabalho manual. 98% da área dos vinhedos, localizados na região alemã de Mosel, estão cobertos com Riesling, enquanto a Pinot Blanc representa apenas 2%. A vinícola enaltece suas vinhas centenárias e ainda produtivas, informando que são capazes de gerar frutos altamente aromáticos e de qualidade.
Sobre o processo de seus vinhos, a vinícola sustenta que foca no baixo rendimento e explica que a fermentação das uvas se dá, principalmente, por meio de leveduras selvagens e a baixas temperaturas, a fim de preservar os aromas finos e manter a frescura e a finesse. Metade dos seus vinhos amadurecem calmamente em tradicionais barricas de carvalho, método que até poderia assustar o sommelier iniciante, caso a vinícola não explicasse que não existe o desprendimento de notas de madeira ao vinho: a ideia é deixá-lo respirar e isso têm um efeito positivo no seu envelhecimento. Por fim, os Rieslings são feitos de acordo com o desejo da natureza: de seco a doce nobre, de vinho elegante e delicado a vinho rico e complexo.
A Mistral é a importadora responsável por trazer esse vinho ao país. Sobre a safra 2018, expõe a seguinte descrição: Riesling do Mosel é um branco delicado e mineral, elaborado no melhor estilo dos vinhos alemães produzidos com esta casta. Combina notas de frutadas com um ótimo frescor.
Não destoando muito das informações da safra 2018, eis as impressões da safra 2016: trata-se de um vinho branco bem aromático, que primeiro se exibiu com seu aroma de petróleo e depois abriu espaço pra notas doces e frutadas. Aliás, frutas brancas como pera e frutas tropicais como melão e abacaxi apareceram com bastante intensidade. O vinho traz um dulçor perceptível, é de médio corpo, tem uma persistência média e uma bem-vinda acidez. O retro-olfato foi marcado pelo abacaxi maduro.
É um vinho acessível e fácil de beber. Apreciadores de vinhos suaves que querem entrar mundo dos vinhos finos podem começar a sua jornada por ele. Amantes de vinhos doces também adorariam esse exemplar. E pra quem não curte um perfil mais adocicado, vale dizer que ele não é doce a ponto de se tornar cansativo. É um vinho agradável e pode ser servido à mesa com uma variedade interessante de pratos.
Falando nisso, a harmonização por aqui foi com o cachorro quente do Hot Pork. A interação foi muito feliz, embora a refeição tenha se destacado mais do que vinho. Na verdade, quando você vai se deixando levar pelos sabores, logo começa a considerar esse vinho como um ingrediente. As texturas e o sabor adocicado da bebida, ao lado dos molhos que compõe o hot dog – que são agridoces – e junto com o pão e a salsicha – de sabores delicados – ajudaram a compor um cenário bastante provocante.
O vinho custou R$ 127,95 na Mistral. Comprei em abril/2020 e acho que foi um belíssimo investimento, considerando o preço atual.
Outras opções de brancos nacionais e importados? É só clicar aqui.
Se você já experimentou o Mosel Riesling QBA 2016 da Selbach-Oster, avalie aqui embaixo.