Um dia depois do Narbona Tannat Roble 2014, resolvemos reservar uma mesa no Marismo, um restaurante uruguaio pé na areia que fica lá em José Ignacio.
O local é uma delícia! Eles têm um menu variado e uma carta de vinhos com alguns rótulos uruguaios e argentinos difíceis de encontrar no Brasil.
Depois de escolher os pratos – uma pizza de queijo de cabra e um cordeiro assado – ficou bem óbvio que um único vinho não ia dar conta de duas refeições tão diferentes. Conversa vai, conversa vem e resolvemos pegar uma direção oposta ao Tannat da noite passada. Apostamos num branco pra alegrar o paladar e acompanhar apenas a pizza.
Decidido o estilo do vinho, lá se foram alguns minutos em cima da carta decidindo qual rótulo seria o escolhido da noite. E quando a questão não era o preço, era a safra. No final, ficamos com o Single Vineyard Albariño 2019 da Garzón. A safra de 2017 desse vinho foi premiada pelo Descorchados 2018 e levou o reconhecimento de melhor vinho branco do Uruguai.
Premiações a parte, eu confesso que fiquei curiosa pra conhecer a versão uruguaia da uva, principalmente depois de ter provado alguns Albariños (ou Alvarinhos) espanhois e portugueses muito interessantes.
Mas antes de falar do vinho, falemos da Garzón, que é uma das bodegas uruguaias mais famosas aqui no Brasil. Eleita como a melhor vinícola do Novo Mundo em 2018 pelo Wine Enthusiast, exibe tal reconhecimento na página principal de seu site. Falando nele, percebi que não há muitos detalhes sobre a história da vinícola. Menciona-se brevemente a importância do terroir, no qual o solo muito antigo – chamado balastro – e a proximidade com o Oceano Atlântico foram associados a uma cultura parcelar dos vinhedos (o que significa dizer, em resumo, que de acordo com a variedade e as características do solo, delimitam-se áreas de cultivo ideal para cada variedade de uva). A viticultura se baseia na colheita manual, o que se conclui que há uma rigorosa seleção de cachos e uvas. Por fim, a vinícola ressalta que o processo de vinificação minimiza qualquer intervenção possível para preservar ao máximo as características típicas do terroir de Garzón.
Fui atrás de algumas informações extras e vi que o Paladar lançou uma matéria sobre a Garzón em 2019. Entre os destaques da reportagem (e que vale a leitura), escolhi o seguinte trecho: a primeira safra da Garzón foi há apenas oito anos, em 2011. Hoje, a vinícola faz 20 vinhos – além de Balasto, Petit Clos, Colheita Tardia e os dois espumantes, divide seus rótulos em três linhas, a Single Vineyard, de vinhedo único, tem 5 rótulos; Reserva são 4 rótulos e uvas colhidas à mão; e a linha Estate tem 6 vinhos.
Portanto, recente no mundo dos vinhos e com um catálogo bem variado, a bodega se estabeleceu na América Latina como um dos grandes nomes da vitivinicultura uruguaia. Tanto é verdade que se você perguntar o nome de alguma vinícola uruguaia pra algum bebedor de vinho, o primeiro que surge é o dela.
Passeando pelo site oficial da Garzón, encontrei a seguinte descrição do Single Vineyard Albariño 2019: um vinho de cor amarela pálida muito elegante. Surpreende com um nariz fresco e vibrante que lembra a frutas tropicais um pouco cítricas com sutis notas florais. Em boca, encontra-se um corpo redondo e fresco com uma combinação de sal e mineral que transformam ele em um vinho de marcada noção de terroir.
E o que nós achamos do vinho? Bom, é um branco super frutado, que traz uma abundância de frutas tropicais – maracujá, goiaba branca e abacaxi -, além de ervas frescas e um aroma mineral, mas esses dois últimos são muito sutis. Ele é seco, tem o corpo médio e uma boa acidez.
A melhor definição sobre esse vinho: simples e correto. Não possui uma grande complexidade aromática e o sabor é agradável e acessível. É um vinho que, por conta da sua estrutura, vai bem sozinho ou pode acompanhar pratos mais despretensiosos.
Essas características do vinho casaram perfeitamente com a ocasião e com a pizza, porque ele ofereceu exatamente o que era preciso: frescor. Os sabores agradáveis da refeição e da bebida combinaram perfeitamente e tornaram o clima da noite ainda mais gostoso.
O vinho saiu por volta de R$150. Achei o custo muito elevado, ainda mais porque é vinho uruguaio bebido no Uruguai. Imagino que as premiações e medalhas tenham sua parcela de responsabilidade nisso. Nos e-commerces brasileiros, o valor ultrapassa o bom senso: vi ofertas na faixa dos R$170.
Se você está em busca de vinhos brancos nacionais e importados, dá uma olhada nesse link .
E se você já experimentou o Garzón Single Vineyard Albariño 2019 , avalie aqui embaixo.