Muitas pessoas pensam em vinho como uma experiência complexa e que envolve – necessariamente – serviço, degustação e harmonização.
Pra elas, é um universo comprometido pelas técnicas e pela seriedade.
Daí essas mesmas pessoas voltam pra casa e bebem uma cerveja gelada no gargalo. Não medem tempo pra fazer chá, guardam a vodka no freezer, servem a cachaça num copo de requeijão e fazem um gin tônica no olho.
Essa desenvoltura que se tem com outras bebidas é a mesma que se deveria ter com o vinho. Pode não parecer óbvio, mas, tão importante quanto entender as técnicas, é saber beber sem a rigidez de um processo de degustação.
Por sorte, não me sinto sozinha nessa história. Enquanto alguns insistem em atrelar a formalidade ao vinho, outros já entendem que eles não precisam andar juntos o tempo todo. E é nessa linha de pensamento que entram as embalagens alternativas, tais como o bag in box, o vinho em growler e o vinho na lata, que se multiplicaram nos últimos tempos e podem ocupar um lugar onde o rigor não é uma boa opção.
Surfando nessa onda, eis que compartilho a minha terceira experiência com os vinhos na lata. Pra quem não lembra ou não viu, já passaram por aqui as linhas Vivant e Arya. Pra coleção de memórias, a escolhida da vez foi a linha Mysterius, desenvolvida pela Vinícola Guatambu.
Pra começar, um pouco de história: situada no coração do Pampa Gaúcho, a Vinícola Guatambu é uma empresa familiar com atuação no agronegócio desde 1958. Segundo o site oficial, ela iniciou o projeto de produção de uvas viníferas em 2003, a partir da implantação do vinhedo com mudas importadas da França e da Itália. Já em 2013, inaugurou uma das mais belas e estruturadas vinícolas brasileiras.
A ascensão da empresa foi rápida, tal qual o reconhecimento do seu trabalho. Em 2017, a vinícola recebeu o Selo Solar, uma iniciativa do Instituto IDEAL – em parceria com o WWF-Brasil e Cooperação Alemã -, em razão de seu parque solar que atende 100% a demanda energética para a fabricação dos vinhos.
A vinícola foi construída pra ser sustentável e é com esse diferencial no mercado que ela segue na produção de vinhos e na promoção do enoturismo. Atualmente, está sob o comando da terceira geração familiar e apresenta um portfólio riquíssimo e bem variado e que vai do vinho tradicionalmente engarrafado ao vinho de lata.
A linha Mysterius, cujas ilustrações são do artista plástico Fabio Issao, conta com 2 opções:
Mas e por que lata? Vale compartilhar a descrição que a própria Vinícola Guatambu faz sobre a proposta: a lata traz inúmeros benefícios: é reciclável e diminui o desperdício daquele restinho chato que sobra na garrafa. Além disso, devido ao isolamento para o ambiente externo e a vedação à entrada de luz, a lata esfria mais rápido, protege o vinho dos raios UV e preserva todo o seu sabor. São democráticas e descomplicadas.
Feita a apresentação, vamos às impressões:
Mysterius Intuição
Um espumante de aromas sedutores e que trazem à memória abacaxi, lichia, maçã verde, além de hortelã. De perlage discreta, bem ligeiro e fresco, com um final médio e um retrogosto que lembra chá de casca de abacaxi.
Mysterius Veraz
Um tinto floral. Além da violeta, traz a ameixa e uma nota terrosa em primeiro plano. Ele tem o corpo médio, taninos finíssimos e uma boa acidez. No geral, é agradável e bom pra parear com petiscos e lanches.
Aliás, o espumante também pode perfeitamente acompanhar refeições casuais. Só é importante considerar que, tanto ele quanto o tinto, trazem um sutil amargor residual. Por conta disso, é importante se atentar à combinação pra não acentuar essa sensação nem na comida e nem nas bebidas.
Na vibe forno à lenha e meia-luz, harmonizei os vinhos com 2 pizzas clássicas: calabresa e margherita. O espumante pareou melhor com a margherita e teve seu caráter frutado bem destacado. Se a pessoa não estiver tão comprometida com técnicas, o espumante vai deixá-la salivando pra morder a de calabresa, pizza que sempre se destaca pelo sabor. Já o tinto e a margherita não interagiram bem e renderam uma (esperada) aspereza no paladar. Enquanto isso, o tinto com a de calabresa e azeitona preta rendeu um sorriso.
As latinhas são vendidas em vários canais, entre eles o site Família Kogan e o e-commerce da Vinícola Guatambu. A faixa média de preço é de R$30 reais por lata.
Semana passada eu vi que a linha cresceu e chegaram duas novas versões – um vinho branco e um vinho rosé. Logo mais tem resenha!
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Se você já experimentou os vinhos de lata Mysterius, avalie aqui embaixo!