Pra começar o papo, é bom partir da seguinte perspectiva: não tem como alguém se afirmar um “amante dos vinhos” se só bebe um único estilo. E também não faz o menor sentido a pessoa querer se autoproclamar expert só porque sabe recitar as marcas pop do mercado.
A qualificação – como consumidor e como profissional – leva tempo e estudo. A construção do paladar não se faz com Vega Sicilia, Margaux e Romanée-Conti. Muito menos se constrói à base de pontuações, premiações e notas da Vivino.
É o empenho. É a prática. É a diversidade.
E quanto mais se experimenta, maior fica a capacidade de distinguir os vinhos entre si, os processos, as histórias envolvidas na sua criação e a beleza desse mundinho particular.
Mas onde é que entra um Icewine nessa história… Bom, em geral, icewines não são populares. O estilo não costuma integrar nem a lista dos melhores e nem a dos piores vinhos. É meio uma carta fora do baralho, dispensável pra enófilos e desinteressante pras distribuidoras.
Durante todos os anos de cursos que fiz, só o vi uma única vez num painel sobre vinhos doces, tamanha é a sua raridade no mercado.
Porém, em defesa do Icewine, é preciso dizer que ele vale muito como referência e repertório. Como sabor, é um baita presente pra fãs de bebidas doces.
Créditos: Tripadvisor
Segundo o site oficial do Château Vartely, ele está localizado na República da Moldávia (Leste Europeu) e se apresenta como “uma propriedade que combina as mais recentes inovações na vitivinicultura com a paixão de produzir vinhos de qualidade”. Coleciona medalhas desde 2004 – ano em que a marca se lançou no mercado – e possui cerca de 300 hectares que se distribuem pelos IGP’s Codru e Valul lui Traian.
Além de oferecer um bonito complexo turístico para acomodar visitantes, a propriedade produz cerca de 4.5 milhões de garrafas de vinhos ao ano. Aliás, o Château diz se comprometer com a promoção das uvas locais, de modo que seu catálogo contempla desde as uvas Royal Maiden (Feteasca Regala), Black Maiden (Feteasca Neagra) e a Rare Black (Rara Neagra) às já conhecidas Cabernet Sauvignon e Moscato.
Sobre o Icewine, o produtor pontua que “o vinho tem uma nobre coloração dourada e se distingue graças aos altos níveis de acidez. Seus aromas são ricos em nuances de pêssego, maçã e melão e seu sabor rico tem boas notas minerais que se transformam num retrogosto rico e longo. Combina perfeitamente com saladas de frutas exóticas ou até com o famoso foie gras”.
É um vinho com intensos aromas de mel, damasco, pêssego, nozes e amêndoas. Traz uma infusão de gengibre e de ervas como hortelã, eucalipto e tomilho que se prolongam no nariz e na boca. Ele é doce, tem uma acidez média, álcool baixo, muito corpo e traz um final longo e intenso e que remete à casca de laranja.
Apesar da garrafa ser de 375ml, não acabei com ela de uma vez. Muito embora as indicações de harmonização do produtor pareçam interessantes, fui na linha “vinho de meditação” e bebi aos poucos, o que funciona super bem pra quem não é tão fã de bebidas doces. Inclusive, o vinho durou tranquilamente os 2 dias em que ficou aberto sob refrigeração, graças ao vacu vin.
Por fim, ele custou R$240,00.
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E se você já experimentou o Icewine Riesling 2017 do Château Vartely, avalie aqui embaixo!