Depois de passar os primeiros dias do isolamento sem nem saber por onde começar direito, veio a etapa seguinte: adaptação. Só que até chegar nessa fase foram muitas lives e mil e uma informações online capazes de enlouquecer qualquer ser humano. Nesses tempos difíceis, selecionar o que queremos consumir – em todos os sentidos – é extremamente importante. Além da saúde física, a higiene mental é indispensável pra se manter são e salvo.
Pra facilitar um pouquinho esses tempos, compramos vários vinhos. Entre tintos e brancos que já eram pra estar no blog faz tempo, vieram 2 rosés.
O vinho rosé não costuma ser a primeira opção dos consumidores brasileiros. Eu acho um estilo interessante que, tal como os outros, precisa ser bem feito pra valer o gole. Já provei alguns rosés na garrafa e na lata, convencionais e naturais e feitos a partir de diversos métodos. Apesar da felicidade que alguns me proporcionaram, os que deixaram a desejar ainda estão em maior número. Os defeitos? Quase sempre os mesmos: apagados, sem frescor e sem graça.
Embora as decepções sejam grandes, sempre encaixo um rosé na lista de compras na esperança de encontrar opções gostosas pro dia a dia. Há bons produtores capazes de fazer maravilhas por aí, então não quero perder a chance de experimentar boas ideias só porque as estatísticas não são tão favoráveis…
Voltando às compras: entre os rosés adquiridos, um deles foi este da Donnafugata. Já provei alguns vinhos desse produtor ( Anthilia, Sherazade e La Bella Sedàra) e, por considerá-los corretos, resolvi investir nesse rótulo.
Há uma breve descrição sobre a história da Donnafugata no seu site oficial. A vinícola foi fundada na Sicília em 1983 e nasceu de uma iniciativa familiar. Seu nome é uma referência ao romance Il Gattopardo, de Tomasi di Lampedusa e significa “dona em fuga”. Trata-se de uma alusão à história de uma rainha que encontrou refúgio na Sicília, especificamente onde hoje se encontram os vinhedos da vinícola. Fora essa, há várias outras referências artísticas que envolvem a história da Donnafugata e que vão dos nomes aos rótulos. Pra quem tiver curiosidade, vale a pena passear pelo site e ler mais a respeito.
Sobre a viticultura, a Donnafugata afirma não usar herbicidas e nem fertilizantes químicos e que, por meio de um monitoramento dos padrões climáticos e controle de insetos com armadilhas, consegue garantir a saúde de seus vinhedos e das suas uvas com uma mínima intervenção.
No site da vinícola é possível encontrar a ficha técnica de todos os vinhos, inclusive com a opção de consulta por safra. O Lumera 2018, por exemplo, é um corte das uvas Nero d’Avola, Syrah e Pinot Nero e foi feito a partir de uma maceração a frio de 12-24h a 10°C, seguida de uma fermentação em tanque de aço sob temperatura controlada. O vinho passou dois meses em tanque e outros três meses na garrafa antes de ser comercializado. A descrição técnica é a seguinte (tradução livre): de cor rosa brilhante, oferece um buquê amplo e fragrante, com notas frutadas de morangos silvestres e romã, unidos a aromas delicados de violeta. Na boca é fresco e saboroso, com uma boa estrutura e uma persistência agradável de notas frutadas.
Impressões: é um rosé aromático, com notas de frutas frescas (a lembrança foi de maracujá e goiaba), além de notas florais. Em algum momneto, os aromas acabaram me trazendo à memória a maçã do amor. Ele é seco, de médio corpo, traz uma sutil adstringência e tem média acidez. Apesar da sensação de leveza e de frescor que tive nas primeiras análises, o vinho me surpreendeu com a sua presença de boca.
No geral, ele é simples, gostoso e dá pra beber tranquilamente sem acompanhamento algum. Boa parte foi bebida dessa forma, inclusive. Só que o almoço se aproximou e ele acabou acompanhando uma quiche de alho poró do Mesa III. As características do vinho pediam pratos menos untuosos, como um carpaccio ou até uma salada de frutos do mar (dica da vinícola). Por isso é que, ao lado da quiche, a gordura prevaleceu. Deixando a técnica de lado, o resultado geral foi ok e agradou os paladares famintos e entediados pelo isolamento.
O vinho custa R$ 171 no site da World Wine. Pra ser um vinho do dia a dia é caro, mas valeu pelo primeiro encontro.
Se você quiser outras opções de vinhos rosés é só clicar aqui.
E se você já experimentou o Lumera Rosato 2018, avalie aqui embaixo.