O vinho natural ganhou bastante espaço na mídia nessa última década e conquistou um mercado significante no país.
De modo geral, para produzir um vinho natural, o produtor deve se valer de um cultivo orgânico ou biodinâmico e vinificar as suas uvas com a mínima intervenção possível. A ideia é se integrar ao meio ambiente de forma sustentável e responsável e primar pela qualidade das uvas, a fim de produzir um vinho de terroir e sem maquiagem.
O raciocínio é, na verdade, bastante lógico: ao focar na produção de uma matéria–prima boa e sã, não será preciso manipular ou “melhorar” o vinho a ponto de entupi-lo de substâncias filtrantes, clarificantes e conservantes até que ele se torne um coquetel molotov.
Dito isso, é bom que se diga também que os vinhos naturais não são necessariamente simples de beber. Sobretudo porque não estamos acostumados a sentir certos aromas e sabores que, convencionalmente, são inibidos pela indústria vinícola. E, apesar de parecer fácil, esses vinhos também não são tão simples de fazer. Ao menos, não um bom vinho natural que seja capaz de abrir a sua cabeça e te apresentar a um novo mundo.
Na verdade, nós já passamos por alguns perrengues com vinho natural. Não apenas experimentamos algumas opções que foram bem difíceis de engolir, como já tivemos o azar de comprar algumas garrafas e descobrir que estavam contaminadas. São vinhos muito sensíveis e que requerem a sensibilidade e o cuidado extra do produtor para que sobrevivam dignamente dentro da garrafa.
Mas, deixando os incidentes de lado, fato é que já passaram por aqui alguns vinhos naturais surpreendentes, como o belíssimo Mounbè, o Obsession Cabernet Sauvignon, o Vinhetica Rosé, entre outros.
Hoje é o dia deste rosé que provamos lá no Entre Vilas. Feito 100% com a uva Syrah e praticamente “saído do forno” (safra 2019), ele surpreendeu logo de cara: a cor é um escândalo de bonita. Nós o provamos lá mesmo no restaurante da vinícola, em São Bento do Sapucaí (SP), um lugar que vale muitíssimo a pena conhecer.
Eis as impressões técnicas: trata-se de um rosé frutado – notas de morango em destaque-, seco, leve para médio corpo, persistência curta e de acidez moderada. É um vinho tranquilo e que traz uma nota química, quase medicinal, ao lado dos aromas de frutas vermelhas frescas. Ávidos por acidez podem sentir falta dela, visto que ele tem mais corpo do que textura.
A garrafa não durou até o prato principal e, como tínhamos que enfrentar uma serra bem sinuosa até chegar em casa, resolvemos não pedir outra. Apesar de uma boa parte do vinho ter sido bebida sem acompanhamento, achamos gostoso quando o bebemos ao lado de uma bruschetta de tomate com alcaparras.
Considerando todos os vinhos que já provamos dessa vinícola, o Syrah e o Pinot Noir ainda seguem como os mais encantadores para nós.
Esse rosé custou R$130 reais e, infelizmente, há poucos locais que o vendem. A dica é ir até o Entre Vilas ou procurar nas feiras e nas lojas que vendem vinho natural.
Se você está em busca de outros vinhos brasileiros clique aqui.
E se você já experimentou o Vento Rosé Syrah 2019, avalie aqui embaixo.