Você já viu alguém girando uma taça de vinho freneticamente, cheirando rolha, dando pequenos goles, bochechando e, ao final, cuspindo o vinho? São algumas das técnicas de degustação que assustam muito à primeira vista. Mas é preciso aprender técnicas ou fazer um curso para saber apreciar um vinho? É claro que não. Vinho é uma bebida feita para proporcionar prazer a quem o bebe. Essa satisfação tanto pode ser encontrada por quem gosta de ficar analisando o vinho e as suas características, quanto por quem gosta de beber aquele vinho depois do trabalho, gole a gole, sem métodos e sem pressa.
Existe muita firula para beber vinhos, mas algumas práticas podem realmente ajudar na hora de apreciá-lo. Não estamos falando de técnicas complexas e nem de rituais. São ações que aprendemos muito mais por necessidade do que por etiqueta.
Algumas bebidas ficam melhor se estiverem mais frias, outras só ficam boas mais quentes. No caso dos vinhos, você encontra uma indicação no próprio rótulo – temperatura de serviço – mas faz tempo que o nosso termômetro oficial é a boca.
Na falta de uma adega climatizada ou de um balde de gelo, antes de abrir um vinho, nós o colocamos no refrigerador, independentemente da estação. Evitamos o estupidamente gelado (porque fica impossível de sentir o gosto e os aromas) e a temperatura ambiente.
É difícil indicar um tempo ideal de refrigerador, porque depende, entre outras coisas, do seu gosto e do aparelho. Nós gostamos de tintos frescos (uns 20-30 minutos de refrigerador); os brancos e os rosés, mais frescos (cerca de 1h); e os espumantes, bem resfriados (cerca de 2h30 a 3 horas).
Você compra uma caixa de suco que parece que foi aberta? Então jamais comprará um vinho que pareça mal vedado. A rolha ou a tampa é o que impede que o vinho fique em contato com o ar, não se contamine e nem se avinagre.
Vinho com a tampa frouxa ou com a rolha deteriorada é um forte indício de que ele pode estar defeituoso. Nós já tivemos mais de uma experiência de comprar vinhos com a rolha mofada, mas, por sorte, era um problema superficial.
O receio de beber algo estragado faz que o ato de abrir um vinho seja feito com calma: olhamos a rolha, se está íntegra ou não, nós a tiramos com cuidado, cheiramos a parte de dentro dela para ver se aparece algum odor suspeito e, se tudo estiver bem, seguimos em frente.
Isso faz muita diferença para os vinhos tintos. Alguns precisam de mais e outros precisam de menos tempo de taça (ou de decanter), mas todos precisam desse respiro depois de abertos. Isso nós só aprendemos na marra: muitos tintos que abríamos e colocávamos na taça para prontamente beber iam ficando diferentes com o tempo: mais ou menos fortes, mais ou menos amadeirados.
Nós começávamos com um vinho e terminávamos com outro completamente diferente, o que poderia ser uma surpresa boa ou não. Brancos e rosés não precisam disso, embora um tempinho a mais ali na taça já tenha feito alguns exemplares ficarem mais gostosos. Espumantes? Servimos e bebemos na hora, porque as borbulhas são a melhor parte.
O movimento facilita a tal liberação dos aromas do vinho. Isso serve para duas coisas:
1) sentir se há algum aroma estranho – é a sua última chance antes de botar o vinho na boca;
2) sentir os aromas antes de bebê-lo. Pode parecer uma firula saber que aquele vinho tem um aroma frutado ou amadeirado, mas isso pode te ajudar a identificar o estilo que você curte.
No começo desse blog, nós bebíamos alguns vinhos sem acompanhamento. Porém, passamos a notar que um prato e um petisco deixavam tudo mais interessante. É o famoso “apreciar as boas coisas da vida”. Hoje, ao comprar um vinho, sempre pensamos em algum belisco ou refeição gostosa para servir junto. O saldo final é sempre o mesmo: barriga cheia e garrafa vazia!