Bebemos bastante vinho do Porto quando fomos ao Douro visitar a Quinta do Infantado. Foi um dos melhores passeios enoturísticos que já fizemos.
Mas antes de contar sobre essa visita, preciso falar um pouco sobre os vinhos doces. Conheço muita gente que adora um vinho adocicado ou bem doce. Eu confesso que, entre todos os tipos de vinho, esse é um dos mais difíceis pra mim. É difícil de analisar, porque o açúcar esconde alguns defeitos, tipo o amargor. E é difícil de beber, porque qualquer coisa muito doce costuma ser enjoativa. Se um dia eu já fui aquela criança que colocava quilos de açúcar no achocolatado, hoje eu mal consigo comer um chocolate ao leite sem fazer careta.
Logo, se não houver uma harmonia entre todos os elementos do vinho doce, dos aromas às texturas, eu não bebo mais de um gole. Já degustamos alguns que me fizeram querer beber a garrafa toda e já precisei abandonar várias garrafas cheias, porque não consegui bebê-las.
Existem vários estilos de vinhos doces, só que um dos mais conhecidos é o vinho do Porto. Lá na Quinta do Infantado provamos porto branco, Ruby, Tawny, Tawny 10 anos, LBV… acho que só faltou beber o Vintage. Foi a degustação mais variada e completa da nossa viagem. E a melhor parte história é que deu para beber a sequência toda por causa de um detalhe: todos os vinhos eram um pouco mais secos.
Acabamos comprando apenas o Tawny 10 anos, pois não tinha mais espaço na mala!
Decidimos abri-lo no final de semana da Páscoa e combiná-lo com alguns doces. Mas antes da harmonização, eis as impressões: é um vinho tinto bem aromático, com notas de geleia de frutas vermelhas, couro, baunilha, ervas frescas, frutas secas e chocolate. Ele é doce, encorpado, com taninos finíssimos, final longo e com boa acidez. O retrogosto lembrou jagermeister, já que a sensação de ervas se prolongou no paladar.
Ele é intenso, bem saboroso e aromático. A sensação pseudotérmica é inevitável, pois ele tem quase 20° de álcool. Não dá para beber de uma só vez e acho difícil que uma garrafa de 750ml acabe em 2 pessoas. A não ser que ele seja compartilhado entre amigos, você vai acabar guardando para bebericar aos poucos, como um aperitivo (minha opção preferida) ou um digestivo. Se você torce o nariz para o excesso de doçura e quer uma versão de vinho do Porto mais seca, experimente esse e todos os exemplares da Quinta do Infantado porque valem muito a pena.
Harmonizamos com 2 tortas da Confeitaria Marilia Zylbersztajn – a toicinho do céu e a explosão de chocolate – e com uma placa de chocolate meio amargo (65%) com castanhas de caju e cupuaçu da Dengo. Achamos que a toicinho do céu foi encoberta pelo vinho, que reinou em sabor e disparou na acidez. Já com a explosão de chocolate ficou muito bom, muito equilibrado. A placa teve suas notas de castanhas de caju destacadas de uma forma bem agradável.
Nós pagamos 23 euros por esse vinho lá em Portugal. Infelizmente, não o encontramos por aqui.
Se você quer dicas para passeios enoturísticos em Portugal, confira o nosso Diário de Bordo. Lá tem sugestões de vinhos biológicos, com mínima intervenção ou naturais acessíveis tanto no sabor quanto no preço.
E se você já teve a oportunidade de beber o Quinta do Infantado Porto Tawny 10 anos, avalie-o logo aqui embaixo!